Atenas 2004 [Um sonho, uma realidade]

Thursday, February 19, 2004

Continuando...

Além das trocas de palavras em língua materna, trocamos alguns presentes. Enviamos moeda local, cartões postais, fitas com músicas tradicionais de cada país. Certa vez Helen me mandou um sabonete delicioso, que tenho guardado em sua embalagem até hoje.

Durante todos esses anos, mesmo que a assiduidade das cartas tenham diminuído - entramos na faculdade, namoramos, "desnamoramos", etc. - a amizade não. Quando Atenas ganhou a eleição para sediar os Jogos Olímpicos de 2004, Helen me convidou para visitar sua cidade. Puxa vida... Não conseguia realizar na minha cabeça que isso de fato podia se tornar realidade um dia. Ela me contou que ela trabalharia como voluntária nos Jogos. Que show! Tomara que um dia consigamos ter estrutura pra receber um evento tão lindo como este.

Bom, estamos em 2004... Faltam 6 meses para o início das Olímpiadas e eu me vejo com o pezinho quase lá.

No fim de 2003, conversando com meu amigo Fabinho na estrada a caminho de Indaiatuba, falávamos de férias e eu fiquei imaginando para onde eu iria nas minhas primeiras férias. Chutei voltar aos States visitar meus amigos em Washington e depois emendar com um passeio em NYC com o Rafael (como ele mesmo propôs - Rafa seria bárbaro esse encontro en NY, mas acho que ficará pra uma próxima vez) ou ir pra Alemanha visitar minhas amigas Caroline e Sarah... Sei lá... Só tinha a certeza que queria viajar, conhecer pessoas e lugares novos. Sou do mundo, por isso escolhi estudar e ser um profissional de Relações Internacionais.

Voltando à estrada pra Indaiatuba... De repente lembrei de minha amiga grega Helen e seu convite há alguns atrás e brinquei: "Putz, imagina passar as férias na Grécia... Que animal". Pra mim isso era tudo fantasia, mas caí na besteira de no fim do ano comentar com minha mãe. Hehehehe... Pra quê?!?! Ela se empolgou com a história, queria entrar na internet pra ver tarifa, hospedagem, isso e aquilo outro. E eu sempre respondia: "Mas, mãe, eu não tenho dinheiro pra bancar uma viagem dessas..." e ela me respondeu "Filha, a gente trabalha pra isso, pra conseguir aquilo que a gente quer. Se é isso que você quer, corra atrás que você conseguirá." Comecei a dar uma procurada em tarifas pela internet e pedi pra um amigo cotar também.

Para eu conseguir fazer essa viagem eu teria que ter um lugar pra me hospedar que não fosse caro. Nesse momento lembrei imediatamente de minha amiga Helen, que por diversas vezes me convidara para ir a Grécia e ficar em sua casa. Não tive dúvidas: assim que retornei a São Paulo (passadas as férias coletivas de fim de ano na empresa), peguei os velhos papel e caneta e começei a redigir uma carta pra ela. Além de ter aproveitado pra colocar o papo em dia, contando o que tinha acontecido em minha vida no último 1 ano, tomei a liberdade de perguntar se ela poderia me receber em sua casa durante as Olimpíadas e me pus a esperar sua resposta. Sim, na era da informação, Helen somente me mandou um email. Ela não entende muito de computador, então continuaremos no nosso método antigo de comunicação.

Passado quase 1 mês, meio que já tinha desencanado da viagem, chego em casa no sábado, dia 31/01, depois de um treino pesado na USP, e tem um envelope com cores azul e branco debaixo da porta. Não acreditei: era a resposta de Helen para minha carta. Abri correndo e sentei em minha cama ansiosa para saber se sua resposta havia sido positivo. Huahuahuahua... SIMMMMM!!! Eu podia me hospedar em sua casa. A partir daí me animei novamente com a idéia da viagem, mas ainda me preocupava em como faria pra bancar isso. Consegui até quem financiasse pra mim o financiamento da passagem, caso as prestações ficassem muito altas e eu não conseguisse suportar. Às vezes parece que o universo conspira a nosso favor, não é mesmo?!

Agora estou na luta pra confirmar passagem. Bom, o problema não é nem aqui no Brasil e sim na Europa. Todas as saídas de cidades européias pra Atenas e vice-versa estão em lista de espera. Tenho trocentas reservas na Swiss Air (stop em Zurich), na Iberia (stop em Madrid), na Alitalia (stop em Milão), na Lufthansa (stop em Berlim)... Lógico essas listas de espera são pra tarifas bem promocionais, o que me permitiria bancar sozinha essa viagem sem que ninguém me ajudasse. Espero que agora o universo também conspire ao meu favor e me libere uma vaguinha em um desses vôos. Hehehehe...

Espero em breve ter boas notícias sobre minha passagem!! TORÇAM POR MIM!!!

Beijos e boa noite!!

Wednesday, February 18, 2004

O começo de tudo

Queridos amigos,

Criei esse blog para contar um pouco desse sonho que estou vivendo e que estou tentando realizar. Porém essa história de conhecer Atenas já vem de um passado um pouco distante.

Não me recordo exatamente se foi em 1995 ou 1996 quando entrei para a IYS (International Youth Service), uma entidade internacional de penpals, ou seja, "amigos da caneta". Es decir, pessoas que se correspondem por carta. Isso mesmo, aquele antigo meio de correspondência que as pessoas utilizavam uma folha de papel e caneta para se comunicar com outras pessoas.

O prazer pela escrita veio desde pequena. Sempre gostei de escrever (tanto quanto eu gosto de falar). Hehehehe... E esse prazer pela troca de correspondências cresceu quando em 1993 me mudei do Rio de Janeiro para São Paulo - onde vivo até hoje. Começei a trocar correspondência com meus amigos de infância, escola e outras tribos e isso foi crescendo.

Quando entrei na IYS, ao escolher os perfis das pessoas com quem desajaria receber contatos para correspondência, mas não busquei nenhum contato na Grécia. Porém, passado um tempo cadastrada na IYS, recebo uma carta de Helen Hajidaki, uma grega interessada em saber mais sobre o Brasil. Bom, não preciso dizer que essa amizade se fortaleceu e até hoje nos comunicamos. Tudo bem... Naquela época trocávamos 1 carta por mês, ou melhor, cada uma enviava em torno de 6 cartas por ano to each one já que o leadtime entre envio e chegada da carta era um pouco grande.

Sempre ao fim de nossas cartas, escolhíamos um tema simples, como por exemplo dias da semana ou meses do ano, e escrevíamos em nossa língua materna e sua devida tradução em inglês para que a outra compreendesse o que estava escrito. Vixe, grego é muito complicado. A escrita não tem nada a ver com a pronúncia, então Helen sempre escrevia em grego e depois colocava ao lado como se pronunciava. Não quero nem imaginar como vai ser eu na Grécia não entendendo patavinas do que verei por lá. Hehehehe...

Bom, já são 01:08 am. Está na hora de dormir... Depois continuo essa história!